Vinhos : Você conhece os diferentes tipos de garrafas?



O que os formatos das "botelhas" informam sobre os vinhos que armazenam?

Pensando nisso, compartilho aqui com vocês o que Ana Cristina Fulgêncio escreveu em www.winepedia.com.br
Curiosidade bem legal!
Já reparou que as garrafas dos vinhos produzidos na Borgonha têm ombros caídos, e as de Bordeaux, levantados? E já se perguntou o porquê? Há muito o que saber sobre os vinhos a partir do estilo de garrafas onde são armazenados.

Confira as dicas a seguir!
1. A HISTÓRIA
A partir de quando as garrafas começaram a ser utilizadas para armazenar vinhos?
Desde o tempo dos antigos egípcios. Porém eram usadas apenas em situações especiais, por exemplo para serem levadas à mesa – os vinhos eram tirados previamente das barricas e acondicionados nas garrafas. Naquela época, grandes nobres, quando recebiam visitas, usavam apenas um copo, que era revezado entre os comensais. O período da Revolução Industrial foi importantíssimo para o mundo do vinho, pois desencadeou a produção em série das garrafas de vidro e retomou o emprego da rolha de cortiça, que havia caído em desuso.

Antes da garrafa, como o vinho era armazenado?
Ainda quando a garrafa não era muito comum, teve a época da armazenagem em recipientes feitos de couro, barro (caso das ânforas) e cerâmica. Então, chegou a vez dos tonéis de madeira (a introdução ao uso deles é atribuída aos gauleses, povo celta antepassado do francês). A questão era que os vinhos não podiam ser guardados por muito tempo: uma vez aberta a barrica, o consumo deveria ser praticamente imediato (a parte do líquido retirado da barrica era ocupada por oxigênio, que ia degradando o vinho até virar vinagre, por meio da transformação do álcool em ácido acético).

2.CORES
Por que algumas garrafas são verdes e outras, escuras?
A cor da garrafa é uma decisão do produtor – algumas vezes tem a ver com a tradição da região. Mas a maioria é verde, ou mesmo âmbar, para proteger o vinho, uma bebida “viva”. Mesmo engarrafado, o vinho continua a sofrer reações químicas, muitas vezes benéficas, que permitem uma evolução positiva de aromas e sabores. Porém, sem cuidados especiais, essas reações podem prejudicar nossa bebida preferida, já que alguns compostos químicos naturais presentes no vinho são fotossensíveis, ou seja, se degradam na presença de luz. A cor escura da garrafa é importante para preservar os vinhos, é uma forma de proteção.

Por que são, normalmente, comercializados em garrafas transparentes?É curioso, justamente porque brancos e rosés têm menos compostos antioxidantes. Mas utilizar garrafas transparentes é uma forma que o produtor tem para fazer o consumidor ver a cor do vinho, que pode chamar bastante atenção. Geralmente, essas garrafas são usadas em estilos de vinhos de consumo mais rápido, para evitar a deterioração que, de fato, pode ocorrer.

3.VOLUMES
Por que a maior parte das garrafas usa esse padrão?
A literatura disponível traz algumas explicações a esse respeito. Uma delas é o fato de as barricas de carvalho tradicionais terem capacidade para 225 litros, que equivalem a exatamente 300 garrafas de 750 ml. Outra teoria é a do sopro: como no passado as garrafas ganhavam seu formato no sopro, o responsável por inflá-las aguentava expirar o ar no recipiente até completar 750 ml, então apontada como a capacidade dos pulmões. Mas hoje existem garrafas de diferentes volumes no mercado.

Quais são essas capacidades?
O padrão de volume chega a 20 categorias, começando em 187 ml, que é a garrafa chamada de Piccolo ou Split (¼ da garrafa de 750 ml) e terminam, acredite, em 30 litros, no modelo conhecido como Melquisedeque. Mas, claro, vez ou outra surgem curiosidades como a maior garrafa de vinho do mundo, de acordo com o Guinness Book, com 4,17 metros de altura, contendo 3.094 litros de vinho. Foi arrematada em um leilão na Suíça pelo importador de carros André Vogel, em 2014.
4.FORMATOS
Por que existem garrafas de vinho diferentes?
Muitos países europeus – e até mesmo regiões produtoras – têm a tradição de usar formatos específicos de garrafas. Antigamente era comum falarem que o formato específico de cada região era para conservar os vinhos típicos desses locais. No mundo do vinho, muitos detalhes estão relacionados à tradição.

Quais são os principais?
Dependendo da garrafa, só de observá-la vazia, já sabemos de onde veio. A mais clássica é a garrafa bordalesa (da região de Bordeaux, França), que tem forma cilíndrica, com ombros largos e definidos. Já a borgonhesa (da região da Borgonha, França) também é muito usada e disseminada pelo mundo. O bojo é largo e os ombros são mais discretos que o da bordalesa.

Há outros formatos característicos, certo?
Claro! A Alsaciana, por exemplo (da região da Alsácia, na França), ou Renana (do Reno, na Alemanha) tem ombros quase inexistentes, é um tipo de garrafa alta e magra. Os espumantes requerem um tipo de vidro mais grosso e resistente, para aguentar a pressão adquirida no processo fermentativo. Apesar de esse tipo de vinho ser encontrado em formatos variados, costuma não ter ombros muito marcados. E repare na garrafa de vinho do Porto, com bojo grande: é cilíndrica e baixa. O vidro tem espessura grossa e cor escura.

E quanto aos formatos menos conhecidos?
Bem, há, ainda, as do Rhône (sul da França), Clavelin (uma garrafa típica de um vinho especial do Jura, o Vin Jaune), alguns Jerez (vinho espanhol do sul da Espanha, na região de Andaluzia), também usam essa garrafa, de 620 ml. A Provence também desenvolveu uma garrafa clássica, que não vemos muito.

O Novo Mundo também adota formatos específicos?
Nos países do Novo Mundo, as mais comuns são as garrafas bordalesas e borgonhesas, mas encontramos outras também, principalmente quando o produtor se inspira em algum vinho específico do Velho Mundo ou utiliza uvas clássicas. Vemos, por exemplo, muitos vinhos brancos Riesling produzidos no Novo Mundo, que usam a garrafa renana.

A cavidade no fundo das garrafas tem alguma função específica?
Sim, esse fundo côncavo é importante para dar resistência à garrafa. Ajuda, por exemplo, a suportar a pressão de bebidas como os espumantes. Com relação aos vinhos tranquilos (sem gás), a cavidade também ajuda na resistência para empilhar as garrafas em situações como durante o tempo de envelhecimento nas caves, dentro das vinícolas. A pressão que as garrafas têm que aguentar é alta (principalmente as das partes mais baixas do empilhamento).

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Beijo da Gu

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