Uma mulher está falando e, antes de terminar, é interrompida por um homem. Sem mais nem menos.. Já passou por isso? Entenda o que é Mansplaining e Manterrupting -



Papo atualíssimo. 
Estamos em 2020 e mesmo assim ainda existem homens que imaginam que mulheres são seres acéfalos, incapazes de desenvolver um pensamento ou dominarem um tema. 
Não sou de escrever sobre causas, mas sou mulher. Mulher levanta e incentiva outra mulher,certo? 
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Estudos mostram que, em geral, mulheres tendem a ter suas falas mais interrompidas do que os homens  
Da mesa do bar ao ambiente de trabalho, a cena é comum: uma mulher está falando e, antes de terminar, é interrompida por um homem. Sem constrangimento e com confiança, ele passa a explicar para ela e aos outros presentes o que ela estava a dizer. 
Identificou-se? 
Tenho uma lista extensa dessas situações. 
Esses dois comportamentos têm nomes (infelizmente apenas em inglês, até o momento): mansplaining e manterrupting. - 

Os dois termos são primos e podem ou não andarem juntos. O mansplaining acontece quando um homem explica coisas óbvias à mulher, muitas vezes com um tom paternalista, como se ela não fosse intelectualmente capaz de entender algo. 

Mansplaining ou a (nem sempre) sutil maneira de calar uma mulher 
Mansplaining, que vem do inglês, quer dizer algo como “explicação masculina”. Se aplica perfeitamente em casos nos quais um homem tenta explicar para uma mulher algo que ela domina mais que ele 
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O manterrupting acontece quando homens interrompem falas de mulheres. 

“Eles acontecem em todas as áreas da vida das mulheres. No espaço acadêmico, no mercado de trabalho, nos relacionamentos amorosos e no ambiente familiar”, afirma a terapeuta de relacionamentos Sabrina Costa. 

Ela explica que essas são algumas das maneiras de calar a voz da mulher, mesmo em assuntos que elas dominam. “Parece inofensivo para alguns, em um bar, um homem interromper uma mulher para explicar que, na verdade, ela não entende que um cara que grita ‘gostosa’ para ela na rua estava apenas fazendo uma cantada, não a assediando”, exemplifica. 

Mas isso pode ter consequências reais, que vão desde a insegurança da mulher, até problemas profissionais. Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, explicou isso em um artigo do jornal The New York Times, em 2015. “Quando uma mulher fala num ambiente profissional, ela caminha na corda bamba. Ou ela mal é ouvida ou ela é considerada muito agressiva. Quando um homem diz exatamente a mesma coisa, seus colegas apreciam a boa ideia”, escreveu - 

Por que isso acontece? 

O fenômeno reflete a crença de que as mulheres valem socialmente menos do que os homens, e assim também suas vozes. A professora da Harvard Business School Francesca Gino avalia que isso acontece por causa dos preconceitos inconscientes que temos sobre gênero, como a tendência de ver homens como líderes e mulheres como subordinadas, escreveu ela em artigo da publicação Harvard Business Review. 

Ela diz que essas crenças estão profundamente arraigadas em nós e lista algumas coisas para tentarmos combatê-las: 

Reconhecer que fazemos suposições sexistas sem perceber; 

Consumir conteúdos (como filmes e séries) com representações mais plurais de mulheres e outros grupos marginalizados; 

Conhecer pessoas que freqüentemente são estereotipadas, como pessoas LGBT; 

Nos colocar no lugar de nossos interlocutores em conversas. 

Mulheres são as mais interrompidas
Para as mulheres, a conversa é um campo de batalha em que é preciso lutar por cada segundo de fala. Um estudo realizado pela Universidade George Washington, nos Estados Unidos, mostra uma coisa interessante: o gênero da pessoa que faz a interrupção importa menos do que o gênero da pessoa que é interrompida. 
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Ao analisar conversas entre mulheres e homens, os pesquisadores notaram que as mulheres, em geral, tendem a ser mais interrompidas do que os homens. E que embora as mulheres sejam menos propensas a interromper no geral, quando o fazem, é mais provável que elas interfiram nas falas de outras mulheres, mais do que na fala de homens. 

A linguista Kieran Snyder, CEO da startup Textio, fez uma avaliação parecida, mas mais informal do fenômeno, observando 15 horas de reuniões com mais ou menos o mesmo número de homens e mulheres. 

Ela notou que quase dois terços das interrupções vieram dos homens e que esses homens tinham três vezes mais chances de interromper mulheres. Quase 90% das mulheres que interromperam também tiveram como alvo outras mulheres. “As mulheres interrompem-se constantemente, mas quase nunca interrompem os homens”, diz Kieran em artigo. 

Ela diz que os resultados da sua observação sugerem que as mulheres não avançam em suas carreiras, para além de um certo ponto, sem aprender a interromper. “Líderes femininas fortes são frequentemente taxadas com termos pejorativos como mandonas e desagradáveis”, diz Kieren, contando que já foi chamada de todas essas coisas na sua trajetória profissional na área de tecnologia, ainda hoje dominada por homens. 

Man o quê? 
Esses não são comportamentos novos, mas alguns termos foram criados mais recentemente para sinalizar o machismo nas relações entre homens e mulheres. O termo mansplaining, por exemplo, foi popularizado pela escritora norte-americana Rebecca Solnit no livro “Os Homens Explicam Tudo para Mim”, de 2008. Nele, ela conta o caso do homem que tentou explicar do que se tratava o livro que ela mesma havia escrito. 

No Brasil, o termo vem ganhando destaque por meio de polêmicas nas redes sociais. 
Somente manifeste suas opiniões se: 

1, for um especialista na questão; 

2, a mulher que está falando perguntou sua posição; 

3, você é um tutor ou professor responsável pela transmissão dos conhecimentos que ela está expondo ou 

4, caso ela não saiba sobre o que você pode acrescentar. Nessa última condição, pergunte antes se convém falar. A americana Elle Armageddon desenhou, literalmente, as condições mostradas acima. Traduzimos seu trabalho abaixo. A ideia é ajudar mansplainers a perceber quando é mesmo necessário explicar algo para uma mulher e quando essa ajuda pode ser dispensada. 

“Mas então eu [homem] preciso exercitar o silêncio?” Isso, certinho. “Mas não seria repressivo, antidemocrático etc?”, um homem pode se perguntar. Não é bem assim. Insistimos em reeducar as pessoas sobre o mansplaining justamente porque o hábito é problemático - e não apenas para as mulheres, mas para toda uma sociedade que se queira justa e igualitária. Por trás do comportamento de explicar algo para uma mulher que ela já saiba está o desmerecimento do conhecimento dela. Se trata de tirar da mulher a confiança, a autoridade e o respeito sobre o que está falando. É enxergá-la como inferior e menos capaz intelectualmente. É diminuí-la. É machismo, dos piores, é abuso emocional, e que pode ser gatilho para outras violências. 

Para dar fim ao mansplaining e outros hábitos misóginos, às mulheres cabe a consciência do estrago para que possamos interrompê-lo, se essa for a vontade de cada uma. Dar as mãos para outras mulheres também é um caminho. “A sororidade como um dos recursos para mudar a realidade”, me disse uma amiga no WhatsApp. 

Quanto aos explicadores, cabe a mesma consciência, autoanálise e o trabalho de não perpetuar a violência, mesmo que exija esforço. “Qual papel os homens devem desempenhar na luta pela igualdade de gênero?”, pergunta Rebecca. “Há momentos em que eles precisam se colocar e outros em que precisam recuar como todos nós – por exemplo, pessoas brancas falando sobre racismo, pessoas heterossexuais combatendo a homofobia. O que legitima especialmente os homens que odeiam e maltratam mulheres são os outros homens; não tomar parte nessa cultura no clube esportivo, no bar ou no local de trabalho, intervir contra ela, é uma forma simples de decência que todo homem pode ofertar”.
Antes que digam qualquer coisa,já aviso que mulher interromper mulher não é correto também e aplicam-se as mesmas regras. Entenderam?

Por um Mundo onde haja liberdade ao falar,ouvir, comentar sem ofender ou limitar o próximo. 

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Beijo da Gu

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