As donas do Vinho: quem são as mulheres que estão invadindo adegas Brasil afora


Sim. Vou começar o ano escrevendo sobre Vinho!
Mulheres e Vinho.
Elas vencem a concorrência masculina com competência e muito jogo de cintura, e hoje lideram adegas de grandes restaurantes pelo Brasil.
Julia Rezende, sommelière do grupo Emiliano (Foto: Divulgação)
Em matéria apresentada por Mastercard, Vogue celebra a força feminina no mundo dos vinhos.

Mulheres comandando grandes importadoras de bebidas e atendendo clientes exigentes nos restaurantes mais sofisticados do Brasil já não causam espanto — ou não deveriam. Elas estão invadindo essa área até pouco tempo exclusivamente masculina, e não pretendem parar tão cedo. Exemplos dessa tendência não faltam. Alguns dos restaurantes de maior prestígio em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm mulheres por trás de suas adegas. “Em 2012, quando cheguei aqui no Brasil, havia pouquíssimas mulheres trabalhando na área. Hoje, elas respondem por pelo menos 30% dos formandos na Associação Brasileira de Sommeliers (ABS)", diz Nella Cerino, ela mesma um exemplo de conquista feminina. Desde 2016, a italiana radicada no Brasil preside o braço mineiro da ABS.

Jogo de cintura e a disposição de se provar o tempo todo. Foram essas características que fizeram com que a paulista Julia Rezende, hoje sommelière do grupo Emiliano, no Rio de Janeiro, conquistasse um lugar estrelado nesse mercado. Hoje, ela vê a situação se invertendo. 

Desmistificando a bebida
A missão das mulheres na área abrange não só a inclusão, mas também a democratização da bebida. Claro que a harmonização é importante para potencializar a experiência gastronômica, mas regras em excesso podem tirar a graça da experiência. “As pessoas complicam demais as coisas. O melhor vinho é aquele que você está a fim de tomar e que cabe no seu bolso”, diz a sommelière Gabriela Bigarelli, dona do Terço Bar. 

A italiana Nella Cerino endossa a opinião de Gabriela e cita como exemplo a opção levar seu próprio vinho ao restaurante, prática cada vez mais comum e apoiada pela Mastercard com o programa de Isenção de Rolhas, válida para clientes Mastercard Black e Mastercard Platinum. “Quando um cliente leva um vinho para um restaurante, costuma ser algo especial, para uma ocasião especial.” Além disso, lembra Nella, é uma oportunidade de trocar informações e até de conhecer um novo rótulo. “Já aconteceu de um cliente levar um vinho que eu não conheço e me oferecer para experimentar. Eu provo e passo para o ajudante ou o garçom aspirante a sommelier. É uma troca muito importante.” No Varanda, um dos restaurantes parceiros do programa Isenção de Rolha, da Mastercard, o ato não é apenas comum, mas também muito bem-vindo. “Acontece muito, os clientes gostam de trazer rótulos das viagens, e muitas vezes não cobramos nem a segunda rolha”, conta Valquíria.

Para conferir todos os participantes do programa, válido para uma garrafa por mesa, é só acessar o site isencaoderolha.mastercard.com.br.

Tá dominado
Conheça a trajetória de algumas das mulheres que estão ajudando a desbravar o caminho do vinho no Brasil:

“Meu avô colocava vinho na minha sopa”
Gabriela Bigarelli, da GB consultoria e do Terço Bar, em SP
Gabriela Bigarelli, que hoje comanda uma empresa de consultoria de vinhos e o Terço Bar (Foto: Arquivo Pessoal)
Gabriela Bigarelli, que hoje comanda uma empresa de consultoria de vinhos e o Terço Bar (Foto: Arquivo Pessoal)

"Quando era criança, meu avô, descendente de italianos, colocava vinho tinto no meu minestrone". É assim que começam muitas das histórias de sommeliers brasileiros, que aprenderam cedo que o vinho é também um alimento e estreitaram os laços com a bebida ancestral ao longo da vida. É o caso da sommelière Gabriela Bigarelli, que aos 16 anos trocou a pacata cidade de Dois Córregos, no interior de São Paulo, pelas belezas da Itália, onde sua irmã morava. Foi lá, trabalhando em um restaurante, que Gabriela descobriu seu amor pela bebida. Foram oito anos de estudos, primeiro na Itália, onde se formou pela Fisar (Federazione Italiana Sommelier Albergatori e Ristoratori), depois na Espanha. De volta ao Brasil, cursou hotelaria no Senac Águas de São Pedro e retomou sua carreira de sommeliere pelo Club Med, em Salvador. Depois de passagens pelo Terraço Itália e pelo Pomodori, decidiu conhecer o outro lado. "Eu sou muito inquieta e, como saí de casa muito nova e tinha que me sustentar, sempre procurava novas ideias. Fui para a enoteca Fasano e comecei atender restaurantes.” Foi aí que identificou a necessidade de uma consultoria especializada nesse mercado. Sua empresa, a GB Consultoria, atende mais de 20 estabelecimentos, incluindo a rede Maní, e ainda comanda o Terço Bar, do qual é proprietária.

A primeira vez que tomei vinho, quase morri"
Valquíria Pereira, do Varanda, em SP

Nem todas as sommelières tiveram que passar por grandes provações para conquistar reconhecimento. Valquíria Pereira veio para São Paulo em 2001, onde trabalhou como bartender por 7 anos, no restaurante Varanda. Em 2008, fez o curso da ABS para poder trabalhar como assistente de Tiago Locatelli no mesmo restaurante, onde está até hoje.
Valquíria garante que nunca sentiu na pele o machismo comum à área. Seus perrengues foram de outra natureza. "Eu não tinha muita familiaridade com a bebida, mal sabia o que era. A primeira vez que tomei vinho foi em 2007. Quase morri, passei muito mal”, diverte-se.
Desde então, Valquíria evoluiu muito. Estudou, viajou, conheceu vinícolas e produtores do mundo todo e já conta 18 anos trabalhando em salão, atendendo diretamente os clientes. Com o tempo, incorporou também as funções administrativas da adega da casa.
Foi assim que conquistou, pela segunda vez, a classificação como melhor carta de vinhos pela ABS. E para beber, o que ela prefere hoje em dia? “Vinho, sempre!”

“Minha paixão é o salão do restaurante"
Julia Rezende, do grupo Emiliano, no RJ
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A paulista Julia Rezende, que se mudou para o Rio de Janeiro neste ano para trabalhar no grupo Emiliano, se diz feliz por estar acompanhando uma mudança tão importante no mercado de vinhos. ”Trabalho com vinhos há 12 anos. Quando comecei, sendo mulher e muito nova, eu era muito testada pelos clientes. Isso pra mim foi um presente, porque eu estudava muito para estar sempre à frente”, conta. “Hoje, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, vejo um cenário bem ao contrário. Quando os clientes veem que é uma sommelière, ficam felizes”.
Descendente de italianos, sempre teve no vinho um companheiro dos domingos em família. "Cresci nesse ambiente superitaliano, de festa. Fiz faculdade de hotelaria e, assim que me formei, em 2008, comecei a estagiar na área de eventos. Fiquei muito próxima do sommelier e concluí: é disso que eu gosto”, diz.

Julia vendeu o carro e foi estudar na Itália. Durante um ano, migrou de cidade em cidade para conhecer as particularidades de cada região. Cruzou fronteiras, e, na Grécia, aprendeu técnicas diferentes. Na França, provou os clássicos. De volta ao Brasil, formou-se na ABS e começou a trabalhar em restaurantes. O primeiro foi o Kaa, em São Paulo, onde abria, junto com mais quatro ajudantes, cerca de 50 garrafas por noite. Assumiu depois o grupo do qual faziam parte o Dressing e a Forneria San Paolo, onde aprendeu também sobre os processos administrativos. Em junho do ano passado, deixou seu restaurante próprio, o Ordinário, em São Paulo, eleito por dois anos seguido como a melhor carta da cidade pelo Prêmio Prazeres da Mesa, para assumir como sommelière o grupo Emiliano, no Rio de Janeiro.
A condição? Não perder o contato com os clientes. “Minha paixão é o salão. A gente troca muito com o cliente. Cada um tem uma experiência diferente, uma viagem especial. Cada noite é um aprendizado.”

Viva!!!

Beijo da Gu

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