Geração Ageless - Você também faz parte dessa geração?


Com certeza você deve ter lido nas redes sociais sobre o termo AGELESS.
Mas sabe o que significa?
Ageless é um termo que vem sendo usado para se referir às pessoas com 50 anos ou mais, mas que não se definem a partir da idade que têm ou não se prendem aos comportamentos padrões das suas gerações.

Em uma tradução literal, ageless significa sem idade. O que não significa negá-la, mas sim, ter consciência de que o suposto peso da idade pode ser aliviado ao longo da caminhada da vida.

A geração ageless mantém, física e emocionalmente, a energia e disposição dos ‘20-30 anos’ mesmo em corpos de ‘50-60-70’ anos…’, a partir do aprendizado de como melhor lidar com as mudanças da passagem do tempo. Essa geração não se limita a rótulos e, por assim ser, está descobrindo uma nova forma de envelhecer, assim como descobriu na juventude o direito de ser jovem, de ter a liberdade de botar o pé na estrada, ouvir rock’n’roll e curtir os grandes festivais de música. Para as pessoas da geração ageless a idade tem um significado mais amplo, como luxuosamente escreve Elza Soares em suas redes sociais.

“Reza a lenda que eu faço aniversário duas vezes ao ano. Reza a lenda e rezo eu para agradecer por tanta vida. É em 23 de junho ou em 22 de julho? Não importa. Eu comemoro as duas datas e nesse ano será o mês todo. É, cara, mais uma primavera, mais um passaporte carimbado rumo à próxima década, mas não conto quantos anos tenho. Nunca parei pra contar. Ia dar uma trabalheira danada. Há dias que nem nasci, ainda estou no ventre, em outros acabei de nascer, sei lá. Sou menina, filha do século 21 e mulher feita, tenho a idade de Nefertiti. Vou vivendo, me reinventando e vivendo nos últimos anos, os melhores da minha vida.”

Certamente assim como sua voz, esse comportamento ecoa nas mulheres da Geração Ageless. As Elzas e Ritas, Elbas e Babys, Betânias e Gals felizmente não são as únicas transgressoras dos padrões impostos pelas idades. Em nossa volta, ainda que de forma incipiente, Marias, Luzias, Anas e outras tantas convidam a afrouxar os nós e a nos libertar dos números. Mas quais percepções surgem a partir dessa auto-permissão para transitar entre as idades sem os fardos a elas associados?

Em pesquisa feita com 1.700 pessoas acima dos 50 anos, pela antropóloga Mirian Goldenberg, “Corpo, envelhecimento e felicidade”, que resultou no livro A Bela Velhice, nas várias questões abordadas, a liberdade foi um aspecto que se destacou na fala das mulheres. Essa libertação está, principalmente, em tirar o foco do olhar e da opinião dos outros, passar a priorizar e dar valor a si mesma, a ter tempo para o próprio prazer, para os desejos e as vontades próprias.

Essa liberdade está também associada a descoberta do NÃO… “a arte de dizer não”, sem culpa, sem medo, sem raiva. E dizer não se estende a não se criticar, não se culpar, não se cobrar tanto, não se levar tão a sério, não se comparar com as demais pessoas. Essa descoberta requer um aprendizado que requer coragem diante das expectativas em geral.

Nas falas das mulheres da geração ageless foi ressaltada a importância das amizades. As amigas e os amigos, as velhas e novas amizades, não são apenas a constatação de quem são as companheiras e companheiros das viagens, mas há a valorização da irmandade para as descobertas e da cumplicidade nas velhas narrativas de vida, onde liberdade e leveza se fortalecem mutuamente.

Nas percepções das mulheres acima dos 50 anos, elas se tornaram invisíveis aos olhos das pessoas em sua volta. No campo da estética e beleza, o corpo, jovem, bem definido e belo é considerado como um capital e envelhecer pode ser visto como a perda desse ‘corpo capital’. Os cuidados com o corpo, a dedicação às práticas corporais, a escuta, compreensão e a ressignificação do que faz bem a si e ao corpo que envelhece podem minimizar essas eventuais perdas. Para muitas mulheres, a solidão, incluindo a ‘solidão a dois’, faz parte do dia a dia e, por assim ser, há uma ‘auto-exclusão’ das relações afetivas e a percepção do potencial da sexualidade a partir do prazer na reinvenção de si, do autoconhecimento, autovalorização e da liberdade de ser quem é.

E cá estou, identificada com o comportamento da geração ageless e seguindo confiante, junto a tantas pessoas, aprendendo a trilhar os caminhos já percorridos e a abrir novas trilhas em mim, para vivenciar e vencer tabus e preconceitos relacionados ao corpo, ao amor, à família, às relações, ao sexo, ao trabalho, às escolhas, aos valores… Desde a meia-idade ao envelhecimento, lá vou eu, dar novos sentidos a vida a partir das descobertas de habilidades e competências, da dedicação a projetos, estudos, trabalhos, de hábitos, atitudes, conexões, encantamentos, transcendências e da capacidade de agradecer por poder ser ‘sem idade’ para o exercício simples e contínuo em sentir a cada dia, como ser leve, livre e feliz.

https://nossafala.com/ Vitória Quirino

Faço parte desse grupo.

Beijo da Gu



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