A cidade de São Paulo é quase sinônimo para sair e descobrir novos lugares, (principalmente cafeterias).
Há mais de dez anos, a cidade acompanha o surgimento de cafeterias voltadas ao mercado dos cafés especiais. Durante muitos anos, o ritmo foi lento, com o predomínio de precursores como Coffee Lab( escrevi sobre isso aqui no Blog), Suplicy Cafés e Octavio. Nos três últimos anos, no entanto, houve uma verdadeira explosão de endereços onde é possível cultuar o café, em vários cantos da cidade. Muitos são espaços pequenos, com os próprios donos-baristas tomando conta do balcão.
Por serem muitas as Cafeterias, listei 13 ( usei minha preferência pessoal e por gostar muito do número 13) e repasso a vocês.
1-ACADEMIA DO CAFÉ
De Belo Horizonte, a Academia do Café desembarcou em São Paulo há dois meses, na Fradique Coutinho, instalando-se no antigo endereço da Ekoa Café. Depois de fazer o pedido no balcão é só relaxar no grande sofá compartilhado ou nas mesas mais reservadas no fundo do salão. As opções no cardápio vão além do expresso, com cafés filtrados na Hario V60, Clever, ou prensados na Aeropress ou prensa francesa. Dos grãos, 70% são fornecidos pela Fazenda Esperança, no sul de Minas Gerais, que pertence a Bruno Souza, um dos sócios. Pequenos produtores de Minas e do Espírito Santo completam as opções do cardápio. A Academia também tem um espaço reservado, no segundo andar, para cursos livres e de formação profissional. ONDE. R. Fradique Coutinho, 914, Vila Madalena. 3032-7842 Foto: Ayumi Yamamoto/Divulgação
2-ISSO É CAFÉ
Em parceria com o coworking Vivei.ro, a Isso É Café abriu sua segunda unidade em maio deste ano no Beco do Batman, na Vila Madalena. A matriz é de 2015 e fica no Mirante 9 de Julho. Ambas servem, além de expresso, café no método Kalita (de filtro de papel ondulado). Os cafés são de marca própria, torrados por Felipe Croce, que fornece para várias outras cafeterias da cidade. A história de Felipe começou com a FAF (Fazenda Ambiental Fortaleza, fazenda-modelo de café orgânico em SP) e ampliou domínios para a FAF Coffees, que reúne outros produtores. Para completar a cadeia produtiva, ele criou a marca Isso É Café para vender os grãos torrados, e depois abriu a própria cafeteria. ONDE. Isso É Café Vila Madalena. Travessa Alonso, 15, Beco do Batman. 3034-6015. Isso É Café Mirante 9 de Julho. R. Carlos Comenale, s/nº, Bela Vista. 3554-5077. Foto: Tiago Munch/Divulgação
3-CUPPING CAFÉ
O nome do lugar, aberto em maio deste ano na Vila Madalena, homenageia a degustação técnica de grãos feita para atestar a qualidade de um lote de café. No espaço de espírito self-service (e mesas ao fundo que convidam ao trabalho ou a cursos), o serviço é todo em material descartável para popularizar o café especial a preços justos. Nos copinhos de papel vão expressos e filtrados, em métodos que ganham destaque semanalmente, como o sifão (globinho) e a Bonmac (de cerâmica). Os grãos podem variar, mas em geral tem café torrado pela Bica e pela Wolff Cafés, escolhidos pelo dono do espaço, o arquiteto Gabriel Manassés Penteado, que se especializou como barista há cerca de três anos. ONDE. Rua Wisard, 171, Vila Madalena. 3813-6154. Foto: Amanda Perobelli/Estadão
4-UM COFFEE CO.
Primeiro veio a matriz, instalada no Bom Retiro em 2016, depois foi a vez de os irmãos Boram Um e Garam Um abrirem, em março deste ano, a primeira filial no Itaim Bibi. Nesta casa, o serviço é mais simples: o cliente pede, paga e leva direto do balcão. Uma mesa comunitária ocupa o salão. Nas duas casas, o café é o mesmo, em métodos como o Kalita, o Hario V60 e o Aeropress, além de cold brew (extração a frio) em versão com água tônica e laranja (este só no Bom Retiro). Os grãos vêm da fazenda da família em Minas Gerais, que exporta principalmente para a Coreia, e de outros Estados, mas todos passam pelas mãos de Boram Um, que se especializou na torra há cerca de três anos. ONDE. UM Coffee Itaim Bibi. R. Iaiá, 62, Itaim Bibi. 3567-8767. UM Coffee Bom Retiro. R. Júlio Conceição, 553, Bom Retiro. 3229-3988. Foto: Andrea Son/Divulgação
5-CAFELITO
Com a abertura do espaço de coworking Brain em Pinheiros, no fim de 2016, veio essa unidade Cafelito, que chama a atenção com seu deque de madeira aberto para a rua. Há Cafelito nos outros três endereços da Brain pela cidade, mas esse foi o primeiro aberto ao público. A seleção de cafés inclui várias regiões: “orgânico das montanhas” (Espírito Santo), do cerrado (Minas Gerais), da Chapada Diamantina (Bahia), da Alta Mogiana (São Paulo), entre outros microlotes. Além de expresso, podem ser extraídos no Hario V60, na Aeropress e na prensa francesa e compõem bebidas como o iced coffee com mel. À frente do negócio está Thiago de Carvalho, cuja família está no ramo desde 1992. ONDE. R. Francisco Leitão, 258/266, Pinheiros. 3387-1710. Foto: Cafelito/Divulgação
6-TOQUE DE CAFÉ
No térreo de um edifício comercial às margens da Paulista, pode parecer uma cafeteria comum à primeira vista. Mas uma estante com pacotes de café em grãos e equipamentos, além de atendentes bem informados sobre o universo do café, mostram que há algo mais ali. Entre os cafés oferecidos, o expresso é feito com a marca Netto, que nasceu no fim do ano passado junto com a cafeteria. É torrado por Anna Netto, uma das sócias do espaço, que vem da família dona da fazenda onde é colhido o grão, no sul de Minas. Outros cafés compõem a oferta, como microlotes torrados pela marca Pereira Villela e o café Loretto, de marca de Espírito Santo do Pinhal (SP). ONDE. Av. Brig. Luís Antônio, 2.504, Jardins. 3262-4749. Foto: Marcelo Araújo/Divulgação
7-ESPRESSO ARTE - (Confesso, sou fã desse lugar!)
Num contêiner da Vila Butantan (onde antes funcionava o Butantan Food Park), a partir de um balcão o barista Eraldo Pereira serve cafés especiais num esquema pague-e-leve, em copos descartáveis. Inspirado no irmão Alex Pereira, da Bio Barista, Eraldo saiu da indústria farmacêutica para virar barista em 2009, até abrir a consultoria Espresso Arte em 2012. Como consultor, ajudou na montagem de cafeterias como Cupping e Clemente. Até que abriu seu próprio canto em agosto de 2016, onde serve expresso com café Isso É Café, além de métodos (Aeropress e sifão) com grãos fermentados de Leo Moço (Curitiba), Fazenda Santa Terezinha (Minas Gerais) e Chapada Diamantina (Bahia). ONDE. Vila Butantan - R. Agostinho Cantu, 47, Butantã. 2894-0941. Foto: Eraldo Santos/Divulgação
8-CLEMENTE CAFÉ ( Lugar super aconchegante)
São 7 metros quadrados, com poucos bancos do lado de dentro e outros do lado de fora. Mesmo minúsculo, o espaço aberto por Tatiana Rocha em meados de 2016 passou a chamar a atenção de “coffee geeks” ao combinar bons grãos e boas extrações. Formada em marketing, ela se aprofundou na área com a ajuda do namorado barista, Gabriel Penteado (do Cupping Café). Seus cafés são das microtorrefadoras Bica e Pereira Villela e vão em métodos filtrados como Aeropress, Hario V60 e prensa francesa. O nome do local é homenagem ao papa Clemente VIII (1536-1605), que liberou o café entre católicos quando a bebida era considerada coisa do diabo, por conta do consumo entre árabes. ONDE. R. Coronel Lisboa, 659, Vila Clementino. Foto: Ana Paula Boni/Estadão
9-POR UM PUNHADO DE DÓLARES ( esse me conquistou pela Rebeldia)
O nome denuncia a homenagem ao filme de western homônimo, estrelado por Clint Eastwood, e o clima de transgressão também permeia os produtos da cafeteria, aberta no começo de 2015. Na contramão da torra clara, de influência nórdica, dominante nas cafeterias da cidade e que dão cafés mais leves e ácidos, ali o café é “amargo como a sua vida”, de torra escura. A brincadeira do barista Marcos Tomsic e de seu sócio Felipe Yabusaki não leva defeitos à xícara, mas um café intenso e encorpado que, dizem eles, combina com o paladar brasileiro. O carro-chefe é o Fuck Coffee, de grãos do sul mineiro. Além de sair em expresso, pode ser feito na prensa francesa ou coado na Hario V60. ONDE. R. Nestor Pestana, 115, Consolação. 3214-5891. Foto: /Estadão
10-THE LITTLE COFFEE SHOP ( A prova de que sabor e bom atendimento não precisam de espaço)
Com cerca de 2 metros quadrados, pode ser considerada a menor cafeteria da cidade. É praticamente um balcão, de onde a barista Flavia Pogliani serve seus cafés desde o fim de 2014. O blend para o expresso foi desenvolvido pela própria Flavia e é torrado pela Bica Torradores ou pelo Sofá Café. Seu espaço é tão pequeno que ela não serve cafés filtrados, senão poderia esbarrar numa chaleira ou num recipiente de vidro. Mas vende cold brew (café de extração a frio) da True Coffee (do barista Ton Rodrigues), além de outras bebidas frias. Flavia é também a fundadora da Coffee Week Brasil, que neste ano chega à 5ª edição em 10 cidades (de 19/8 a 4/9). ONDE. R. Lisboa, 357 A, Pinheiros. 2385-5430. Foto: Fernando Sciarra/Estadão
11-COFFEE LAB ( IMPOSSÍVEL NÃO VISITAR)
Desde 2004, depois de estudar o universo do café na Dinamarca e na Noruega, a mestre de torra Isabela Raposeiras dá cursos e forma muitos dos profissionais que hoje tocam cafeterias próprias na cidade. O Coffee Lab surgiu em 2009 num imóvel de Pinheiros e, após dois anos, mudou-se para a Vila Madalena, onde o espírito segue o mesmo: equipamentos e baristas espalhados pelo salão atiçam e matam a curiosidade da clientela sobre a cadeia da bebida, do plantio à xícara. A torra de microlotes é comandada por Raposeiras, que ampliou o mercado de cafés especiais na cidade fornecendo grãos para vários estabelecimentos. Foi a pioneira ao divulgar por aqui métodos como o Aeropress. ONDE. R. Fradique Coutinho, 1.340, Pinheiros. 3375-7400. Foto: Renato Parada/Divulgação
12-OCTAVIO CAFÉ (Já virou tradição)
O imponente imóvel que figura na Faria Lima há dez anos é parte da herança cafeeira da família Quércia - foi aberto em homenagem a Octavio, o patriarca, que desde a década de 1940 expandiu plantações pela região de Pedregulho (SP). São principalmente as fazendas da família que abastecem a loja com grãos divididos em três linhas: Clássicos (que incluem blends), Microlotes (selecionados pela variedade: obatã, catuaí, bourbon etc.) e Origens (que inclui o café Jacu Bird, feito a partir de grãos expelidos nas fezes da ave jacu, no Espírito Santo). Ali há também drinques alcoólicos com café, como o obatã old fashioned, com uísque, cerveja stout, casca de laranja e cold brew (extraído a frio). ONDE. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.996, Jardim Paulistano. 3074-0110. Foto: Nathalia Marszolek/Divulgação
13-SUPLICY CAFÉS ( Todos endereços rendem boas xícaras...)
Aberta em 2003, pode ser considerada a cafeteria pioneira em dar atenção a toda a cadeia do café e aos lotes especiais na cidade. Tem uma torrefadora no meio do salão na loja da Alameda Lorena e serve os grãos (de várias fazendas) divididos por tipo de torra (torra clara, torra média, torra escura), além de café orgânico, microlote e descafeinado. São servidos em métodos como prensa francesa e cold brew, mas também vende equipamentos para o cliente levar para casa, como Chemex e Aeropress. Quem está por trás do negócio é Marco Suplicy, cuja família está no ramo do café desde o século 19. Possui várias lojas, mas apenas três próprias (duas em SP e outra no Rio). ONDE. Al. Lorena, 1.430, Jardins. 3061-0195. E Av. Juscelino Kubitschek, 1909, Vl Olímpia. Foto: Rafael Arbex/Estadão
Poderia listar mais algumas dezenas de Cafeterias, mas o grande barato é você pesquisar, conhecer os aromas, sabores, história e escolher aquelas que agradam seu paladar e visão.
Momento Café é isso. Momento todinho seu!
Beijo da Gu
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Leio e respondo.
Beijo da Gu