A sommelière Jessica Marinzeck é um dos 50 Nomes para o Futuro do Vinho no Mundo


Fico super feliz quando leio, vejo,presencio uma mulher se destacando em sua área de trabalho.Seja ela qual for. Afinal, lugar de mulher é onde ela deseja estar.
Jessica Marinzeck (Foto: Divulgação)
Por isso o papo de agora é sobre uma mulher no Universo dos Vinhos.

Em 29 de agosto é comemorado Dia do Sommelier.
Para honrar, a data nada mais justo do que convidar uma mulher inspiradora, e que entende t-u-d-o sobre o assunto, para nos contar como foi o início da sua carreira em um universo tão masculino (ainda!) como o dos vinhos.

Para se ter uma ideia, em 2019, Jessica foi considerada um dos 50 nomes para o futuro do vinho no mundo pela “Future 50”, lista elaborada pela International Wine & Spirits Competition (IWSC) e Wine & Spirits Education Trust (WSET) em celebração de seus 50 anos. Com mais de 600 nomes indicados, figuraram na lista apenas três nomes sul-americanos e dois brasileiros.
Jessica (Foto: s)
Aos 36 anos, a paulistana natural da Zona Leste, conta quais foram as dificuldades ao entrar em um mercado tão masculino e os preconceitos que já sofreu na profissão. 

Formada em artes visuais, Jessica foi professora de história da arte e comissária de bordo antes de guinar sua carreira para o universo do vinho, se mudando para Malta em 2012. Lá, estudou na WSET e começou a atuar como sommelière em restaurantes e importadoras. Em 2014, quando a Evino ainda não havia completado nem um ano de operação, Jessica entrou na equipe de compras de vinho como Head of Global Sourcing, cargo que ocupou até 2017, quando foi promovida à International Wine Curator e trabalhou baseada em Berlim.

Ainda em 2017, Jessica saiu para abrir sua própria empresa, a JM Wines, onde criou e desenvolveu marcas de vinhos exclusivos em parceria com vinícolas renomadas de diversos países, abrindo também quiosques de vinhos. Agora, três anos depois de sua saída, Jessica
retorna para a empresa como Sommelière, atuando como embaixadora da marca.

Abaixo, confira uma entrevista inspiradora com Jessica:

Era um sonho de pequena ser sommeliere? Como você seguiu essa profissão?
Não era um sonho de pequena. Eu só fui conhecer a profissão depois dos 20 anos de idade. Eu me formei em Artes Visuais mas comecei a pensar em seguir a carreira de Sommelière enquanto era Comissária de Bordo. Voei dentro e fora do país, incluindo 3 anos pela Emirates,
em Dubai. No começo da minha carreira no vinho também fui criticada por ter sido Comissária, mas me orgulho bastante da profissão. Pude conhecer diversos países (51 no total e ainda contando…) e tomar diferentes vinhos, tanto na Austrália, na África do Sul, na Inglaterra…. Essas experiências e vivências contribuíram grandemente para a profissional que eu sou hoje.

Quais foram suas maiores dificuldades ao se tornar sommeliere?
Em primeiro lugar a falta de grana. Eu olho para trás e não sei como consegui fazer tanta coisa. Foi um tal de puxa daqui e aperta dali, sempre me adaptando e achando formas de ir atrás do que eu queria. Eu sempre fui uma nerd, portanto estudar é prioridade. Eu não consigo estudar pela metade um tema que eu goste muito. Tanto que fui procurar as melhores escolas que pude no mundo do vinho. Viajei para conhecer diversas regiões vinícolas e ficar próxima daqueles ídolos do mundo do vinho que eu via apenas na internet.

Dito isso, talvez a maior barreira era achar que eu não era boa o suficiente. Se alguém falava que eu não entendia muito de tema X, eu ia lá estudar tudo e mais um pouco daquele tema. Se eu achasse que precisava saber mais do mercado, me inscrevia numa pós sobre Varejo e Inteligência de Mercado. Foi o que fiz, inclusive, e estou terminando o meu Master em Inteligência de Varejo ainda esse ano, pela ESPM. Mas, mesmo procurando aprender mais e mais, eu volto lá para o começo de tudo e penso com eu amo estudar e eu amo dividir o que eu sei. Daí que no final dos contas tudo isso só me faz bem…

Já passou por algum momento de machismo na profissão? Se sim, conte pra gente como foi?
Já sim! Me lembro de duas vezes, em meio a uma negociação internacional de vinho, o Representante Comercial me perguntou com quem ele iria conversar sobre a compra dos vinhos, mesmo eu me apresentando como a responsável da área. Durante um ano e meio eu tive um quiosque de vinhos em um shopping de São Paulo, e durante um atendimento um senhor me perguntou se eu tinha aberto o empreendimento com meu marido. Já em outro dia, um outro senhor me perguntou quem da minha família tinha a tradição de beber vinho, se era o meu pai… e por aí vai. Mas olha, eu dou risada, viu? A gente prova o que é fazendo.

Qual dica você daria para uma mulher que quer se tornar especialista em vinhos?
Fale outro idioma, respeite seus limites, não copie ninguém, e claro, aprenda sobre vinhos.

Quais são os próximos passos/anseios da sua profissão?
Eu voltei para a Evino em um cargo inédito na empresa, até então não havia uma posição de Sommelière que desse voz e cara para a empresa. A verdade é que esse retorno, mesmo que recente, tem sido tão prazeroso que eu quero me dedicar exclusivamente a essa casa que sempre me tratou bem e me recebeu melhor ainda. Mas, o que eu desejo de verdade, é que o consumidor realmente confie em mim quando precisar de alguma dica sobre vinho.Eu, mais do que ninguém, quero que as pessoas tenham bons momentos tomando vinho. Não é sobre um vinho ser bom ou ruim. Que chato isso de procurar defeito no vinho! A gente não vai vender um vinho ruim, oras. É sobre achar o vinho certo, pra ser tomado na hora certa. Por fim, eu não sei se me aguento sem um Mestrado em 2021, ou algum curso avançado sobre mercado e/ou vinho, estou ponderando o tema.
Os top 10 melhores vinhos por menos de R$ 50 (Foto: Getty Images)
Um brinde á conquista e a força de vontade!
Beijo da Gu

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